quinta-feira, 25 de agosto de 2011

JONAS, COMO PODE TAL PREGUIÇA?

Por: Sarah Hayashi em 23/08/2011

Intrigante é o Jonas, um profeta enviado para evangelizar os gentios. Em parte podemos compreender a sua relutância para não ir a Nínive onde os judeus eram tremendamente odiados. Os ninivitas matavam os hebreus e de seus crânios empilhados faziam pilares para ornamentar a cidade. Jonas seria a seguinte vítima? Pensamos que talvez isso tivesse sido o motivo que o fizera ir a Társis em vez de Nínive, mas havia dentro dele uma outra razão.

Assim também dentro de nós há coisas escondidas que Deus quer tratar, mas que "dormem" camufladas por uma outra iniqüidade que se sobressai, pelo menos naqueles momentos. Para Deus, porém nada é escondido e Ele deseja nos limpar de toda iniqüidade e nos purificar de todo pecado.

O livro de Jonas, na verdade, é uma receita de evangelismo. O assunto central é a graça e misericórdia de Deus. Se Jonas tivesse conhecido o coração de Deus, ele não teria se acovardado daquele jeito. Assim também nós, se não for por amor, nada conseguimos além de nossa "zona de conforto".

Jonas obedeceu, mas mudou de idéia no processo de praticar a boa ação. Quantas vozes, circunstâncias, preguiça ou medo nos desviam de algum propósito, como foi no caso de Jonas? Vamos pensar na atitude dele indo mais a fundo do que aparenta.

Michael Mangis, um psicólogo e teólogo diz que em Grego, akedia significa "preguiça espiritual". Interessante é que ele diz que essa palavra é exatamente o oposto de "adoração a Deus com todo coração, com toda alma e com todas as forças". Ele também diz que essa palavra preguiça tornou-se, com o tempo, uma atitude física e significa: covardia, ociosidade, apatia, ingenuidade, teimosia, rigidez, comodismo, zona de conforto, cansaço mental, etc. (Signature Sins, IVP Books, 2008 - pág.52)

Sob tal ponto de vista, a resistência que surge de dentro do nosso ser à obra santificadora do Espírito Santo passa, então, a ser um pecado chamado preguiça. Quantas vezes nós não nos entregamos totalmente à ação do Espírito Santo, aos tratamentos de Deus em nossas vidas e por ignorância aninhamos a preguiça.

Bem que Jeremias lamentou a condição do homem que relaxadamente faz a obra de Deus: "maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente" - Jeremias 48:10.

Negligenciar algo de Deus, seja uma obra ou uma ordem ou um mandamento, torna-se um ato de preguiça.

Perder uma oportunidade de crescer à semelhança de Jesus Cristo pela obra do Espírito Santo é também preguiça, pois o Espírito Santo está sempre à nossa disposição, mas depende do quanto queremos ou não ser trabalhados e transformados. Isso requer esforço e boa vontade de nossa parte.

Recusar ou receber ou compartilhar com alguém a graça de Deus é preguiça. Não foi isso que aconteceu com o Jonas? Ele não se alegrou em ver Deus ter tanto amor pelos ninivitas. Ficou amargurado por ver o amor de Deus por um povo mau, ignorante e perdido. Jonas queria ver Deus castigar aquele povo que tanto mal fizera aos hebreus. Mas o coração de Deus era e é sempre cheio de misericórdia de geração a geração. O coração do nosso Deus Pai é sempre salvar a humanidade e tê-la junto de Si eternamente.

A Deus cabe julgar. Quem somos nós para determinarmos quando Deus deve castigar ou quando perdoar? Realmente, o nosso coração é terrivelmente maldoso, como está escrito em Jeremias 17:9. A vingança pertence a Deus (Romanos 12: 19) e a nós cabe apenas obedecer a Ele. Independente do que Jonas pensava, Deus, na Sua misericórdia e graça celebrou a salvação do povo de Nínive, onde a população em arrependimento, inclusive animais, jejuou vestindo saco e se cobrindo de cinzas. Como Deus deve ter se alegrado com tantas vidas sendo salvas da morte espiritual, enquanto Jonas, como um adolescente contrariado e amuado se amargurava contra Ele!

Muitas vezes nós estamos vivendo a preguiça mesmo sem perceber. Nesse mesmo livro acima mencionado, Dr. Mangis comenta a posição de Santo Agostinho com relação à preguiça, no seu "Livro de Oração" que passo a resumir:

Preguiça é covardia, quando não se arrisca para crescer, para servir e para se sacrificar.
Preguiça é toda forma de negligenciar responsabilidades pela família, pelo seu empregador, pela sociedade, pela igreja e por qualquer área da sociedade.
Preguiça é desequilíbrio no ocupar-se no trabalho, no descanso e até mesmo no lazer.
Preguiça é indiferença pela injustiça que produz pobreza e todo tipo de degradação do ser humano a quem Deus ama incondicionalmente.
Preguiça é apatia que faz o ser humano desinformado de assuntos contemporâneos, recusando ministrar às necessidades do próximo.
Preguiça é freqüentar a igreja como um lugar apenas social, em vez de lhe ser um lugar de adoração e de transformação espiritual.

A triste atitude de Jonas, um homem que suscita curiosidades como um profeta evangelista, nos leva a analisar as nossas próprias atitudes com relação à humanidade decadente com valores relativos e corruptos.

Vivemos numa época em que o absoluto foi substituído pelo relativo, quando muitos nem conhecem o temor a Deus e nem sabem "discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda" (Jonas 4:11). Não podemos ficar insensíveis ao coração do Pai e aos sofrimentos humanos.

A Bíblia fala muito contra a preguiça no Livro de Provérbios. Também lemos em Hebreus 6:11 e 12 - "Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza de esperança; para que não vos façais negligentes ( preguiçosos), mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas." Vamos trabalhar e trabalhar com amor.

FIM

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